É muito comum vermos, nas redes sociais, cães e gatos que estão acima do peso sendo elogiados por serem fofinhos; muitas pessoas falam, inclusive, que adorariam ter um bichinho assim para poder apertar. Mas a história não é bem assim. A obesidade é muito perigosa tanto para cães quanto para gatos e esse excesso de gordura abre portas para diversas doenças nos animais.
Mesmo que o animal esteja gordinho e não apresente nenhum sintoma aparente, ele pode desencadear doenças sérias no futuro, o que pode encurtar, consideravelmente, o seu tempo de vida. Cães e gatos acima do peso podem sofrer problemas respiratórios e cardíacos, problemas dermatológicos, pressão nas articulações, problemas gastrointestinais, estresse térmico, dificuldade para reprodução, diabetes e até aumentar as chances de adquirir cânceres.
Além disso, animais acima do peso vivem em constante estresse por não terem condições de expressar os seus comportamentos naturais como correr e brincar. Por isso, é muito importante prestar atenção no peso do seu bichinho.
Quais as principais causas da obesidade em cães e gatos?
Os pets podem ficar acima do peso ideal por causas naturais ou por causas adquiridas. As causas naturais para a obesidade em cães e gatos são: predisposição genética, desequilíbrio hormonal e idade. Geralmente, os cães e gatos entram nesse quadro por causas adquiridas: mau manejo nutricional, falta de atividade física e castração.
A genética de um animal é uma importante predisposição para a obesidade, porém muitas vezes é difícil ou, até impossível, traçar a hereditariedade de um animal, pois muitas vezes não se conhecem os parentes. Contudo, em animais de raça, a herança genética é mais previsível e, por isso, diversas doenças são associadas à raças específicas.
Estas são algumas das raças de cães mais comuns que possuem maior predisposição à obesidade: Pug, Shih tzu, Dachshund, Beagle, Labrador Retriever, Collie, Golden Retriever e Rottweiller. Já em gatos, é mais comum que animais sem raça definida cheguem ao grau de obesidade.

Controle da dieta
Na maioria dos casos, os cães e gatos ficam acima do peso por dietas desbalanceadas. O fornecimento de energia calórica precisa ser dosado para que não falte e nem exceda a quantidade necessária. Cada animal possui sua própria necessidade energética. Além disso, a quantidade de nutrientes e vitaminas essenciais pode variar de indivíduo para indivíduo, por isso montar uma dieta com o auxílio de um médico veterinário é importantíssimo para a qualidade de vida do animal.
A quantidade e o tipo de alimento necessário pode variar conforme a raça, idade, sexo e intensidade de atividade física. Por exemplo: um filhote de labrador irá precisar de uma ração diferente em uma quantidade diferente da de um pug adulto. Além disso, existem as particularidades individuais de alguns animais que podem alterar a dieta também, como é o caso de alergias e dificuldades de absorção de nutrientes.
No entanto, existe uma coisa que nunca irá mudar independente do caso: cães devem receber alimentação para cães, e gatos devem receber alimentação para gatos. Não fique dividindo o seu lanche com o seu pet; além de contribuir para a obesidade, fará com que o animal fique constantemente implorando por comida.
Cuidado com os petiscos
É necessário prestar atenção na quantidade de petiscos fornecida também. A quantidade ideal a ser fornecida é zero. Porém, se você usa alimento como forma de enriquecimento ambiental, que é extremamente necessário para o bem estar, procure por opções sem gordura, como ossos naturais, legumes, patês e pedaços de carne sem gordura.
Caso o seu animal esteja saudável, no peso ideal e não precise de uma visita ao médico veterinário para montar uma dieta especial, adquira uma balança de precisão para dosar a quantidade certa de ração. Procure por rações de qualidade e verifique atrás dos rótulos das embalagens de rações em que está escrito a quantidade necessária de acordo com o peso do animal.
Cães e gatos precisam de atividade física
Além disso, uma causa muito comum da obesidade é a falta de atividade física adequada. Cada animal precisa de uma intensidade de exercícios diários diferente. Em cachorros irá variar de acordo com a raça e porte do animal.
Muitas pessoas acreditam que cachorros de pequeno porte não precisam de atividade física. No entanto, é exatamente o contrário, raças pequenas têm uma maior tendência a serem agitadas e, por isso, requerem muito estímulo e vários períodos de atividade física moderados a leves durante o dia. Já cachorros de grande porte, também precisam de muitos estímulos e enriquecimento ambiental para não ficarem entediados, precisam de menos períodos de atividade física, contudo são períodos mais intensos de exercícios.

O enriquecimento ambiental é muito importante para estimular o animal incentivando-o a se movimentar e o tirando do tédio, que é uma causa de estresse importante e que pode levar a obesidade também. O enriquecimento ambiental é essencial para o bem estar, principalmente para gatos, que muitas vezes não aceitam passeios por serem muito estressantes. Assim, brinquedos interativos, simulações de caça, caminhos aéreos e túneis são ótimas opções para exercitar o seu bichano.
Como saber se o meu pet está acima do peso?
Se você está seguindo todos os passos recomendados com alimentação e atividade física e continua em dúvida se o seu bichinho está dentro dos padrões, provavelmente, está na hora de marcar uma consulta. O médico veterinário avaliará o seu pet não só pelo peso, mas também por apalpação, assim o profissional irá medir a quantidade de gordura depositada.
Você pode ter uma noção da condição do seu bichinho seguindo o Índice de Condição Corporal:

Um animal muito magro irá apresentar muitos ossos visíveis e perda muscular acentuada, já um animal magro possui ossos visíveis, mas sem grande perda muscular. O animal no peso ideal não apresenta ossos visíveis, no entanto são fáceis de apalpar. Além disso, o animal apresenta cintura e dobra abdominal bem delineadas.
Já em animais com excesso de peso, não é fácil de sentir as costelas e possuem um excesso visível de gordura na coluna e base da causa; ainda mais, a cintura e a dobra do abdômen não são mais visíveis. Entretanto, em alguns gatos, às vezes, é difícil de avaliar a delineação da cintura, pois esses animais podem possuir uma pelanca na parte final do abdômen. Desse modo, é melhor se orientar pela apalpação das costelas. Em sequência, os animais obesos possuem um acúmulo maciço de gordura no tórax, coluna e base da cauda, e clara distensão abdominal.
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Agora que você já leu esse post comente: você está cuidando da alimentação do seu pet? O seu animal está fazendo a quantidade de exercícios necessária? Já analisou se ele está no peso ideal? Lembre-se de que a obesidade em cães e gatos é uma doença que acarreta em muitos males para eles, assim como nas pessoas, e pode encurtar a vida do seu bichinho.
Sobre a autora:
Luana S. Ramos é estudante de medicina veterinária no Distrito Federal e é apaixonada pelos animais desde pequena, por isso está adotando o veganismo como estilo de vida. É tutora de 8 cachorros, 6 gatos e 2 coelhos.

Referências:
DE SOUZA SILVA, Lucas Pereira et al. Manejo nutricional para cães e gatos obesos. Pubvet, v. 13, p. 166, 2019.
BATISTELA, Cristiane Machado; DOMINGUES, José Luiz. Aspectos nutricionais e de manejo na obesidade em cães. Nutritime, v. 2, n. 3, p. 201-205, 2005.
PELLEGRI, Lara Alice Pagura. Influência do tutor no ganho de peso de cães e gatos. 2023.
Nossa! Nunca tinha parado pra pensar na atividade física para os cães e gatos. É que na correria de atividades a gente nem lembra dessas coisas. Impressionante!
Adorei sobre o foco na obesidade em pets. Eles dependem de nosso cuidado.
Obrigada!
Muito interessante.