“Senhora” é um daqueles livros que muitos torcem o nariz e outros, como eu, gostam muito. Minha memória afetiva o trata com muito carinho e respeito. Os nomes Aurélia Camargo e Fernando Seixas se tornaram inesquecíveis, principais personagens dessa narrativa tão romântica.
Novelas e filme
A história do livro carrega tantas cenas cheias de conflitos amorosos, que se tornou inspiração para duas novelas. A primeira foi exibida pela TV Tupi, uma adaptação com o nome de “O Preço de um Homem”, tendo os atores Arlete Montenegro e Adriano Reys como casal principal da trama.
A segunda, uma novela global, foi transmitida em 1975, com o mesmo nome do livro “Senhora”, que muitos devem ter assistido, como eu. Aurélia Camargo e Fernando Seixas foram representados pelos atores Norma Blum e Cláudio Marzo. Uma curiosidade: a novela “Senhora” foi a primeira novela das 18h00 a ser transmitida a cores.
No ano seguinte, 1976, novamente o livro “Senhora” é revisto, agora em forma de filme; nos papéis principais os atores Elaine Cristina e Paulo Figueiredo.

O livro Senhora
O livro “Senhora”, de autoria de José de Alencar, foi publicado em 1875 e considerado um romance urbano. A história narrada se passa no Rio de Janeiro, mostrando como a sociedade burguesa valorizava o dinheiro e como se portava diante do interesse econômico, o que falaria mais alto: o amor ou o dinheiro. Até onde pode ir uma pessoa em busca de um casamento por interesse?
Uma das características do livro é mostrar muitos detalhes psicológicos dos personagens. Uma história muito bem contada por alguém muito observador que, além de contar o que acontece, descreve a cena salientando os detalhes e o perfil psicológico de cada personagem.
O enredo
Já comentamos que os personagens principais são Aurélia e Fernando. Aurélia Camargo era pobre, não tinha pai e sua mãe era uma humilde costureira. A família não tinha posses e vivia sempre com problemas financeiros, até para adquirir o básico. Apesar de todas as dificuldades, Aurélia tinha personalidade forte, possuía grande caráter e não se deixava abater, era apaixonada por Fernando e a ele se dedicava.
Fernando Seixas, também pobre, responsável pela mãe e mais duas irmãs, não tinha tanta firmeza de caráter assim. Era vaidoso e gostava de se exibir para a sociedade, gostava de aparentar ser fino e elegante e, por esse comportamento, contraiu dívidas e dívidas, colocando sua família em dificuldades financeiras ainda maiores.
Fernando Seixas, sentindo-se cansado de viver sem dinheiro, resolve aceitar a corte de outra moça, Adelaide Amaral. Assim seus problemas seriam resolvidos, pois a moça tinha muito dinheiro e ele apenas teria que esquecer Aurélia.
A vida de Fernando parece estar resolvida, mas novos fatos vão acontecendo. Fernando não sente segurança no passo que vai dar e se afasta em suas escapadas. Nesse intervalo, reaparece na história de Adelaide um outro amor mal resolvido, que vai ganhando espaço definitivo em sua vida; novamente Fernando se vê em dificuldades. Adelaide abandona Fernando e fica com seu antigo amor, Torquato.
Mais uma vez o destino de Fernando vai ser definido pelo valor que ele dá ao dinheiro. Ele aceita ser comprado, na verdade aceita uma proposta de casamento por 100 contos de réis e quem faz a oferta é a mesma Aurélia que ele rejeitou. Porém, ele não tem conhecimento de quem o está comprando, só sabe quando o negócio é fechado. A partir desse momento, o embate entre amor, desejo, vingança e perdão toma conta do romance.
O final dessa “novela” traz todas as emoções possíveis, algumas que rejeitamos e outras que aceitamos. Atitudes dos personagens que podem nos emocionar ou irritar. Vai depender muito de como você lê o mundo e de que maneira você monta sua escala de valores.
Vivencie a história de Aurélia e Fernando!
O autor
José Martiniano de Alencar Júnior nasceu no sítio Alagadiço Novo, Mecejana, Ceará, no dia 1 de maio de 1829. Era filho de José Martiniano de Alencar, senador do império, e de Ana Josefina. Em 1838, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. José de Alencar foi jornalista, advogado, político, jurista, parlamentar imperial e escritor. Casado com Georgina e seis filhos. Faleceu em 12 de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro, de tuberculose, aos 48 anos.
Outras obras de José de Alencar
- Cinco Minutos, romance, 1856;
- Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, crítica, 1856;
- O Guarani, romance, 1857;
- Verso e Reverso, teatro, 1857;
- A Viuvinha, romance, 1860;
- Lucíola, romance, 1862;
- As Minas de Prata, romance, 1862-1864-1865;
- Diva, romance, 1864;
- Iracema, romance, 1865;
- Cartas de Erasmo, crítica, 1865;
- O Juízo de Deus, crítica, 1867;
- O Gaúcho, romance, 1870;
- A Pata da Gazela, romance, 1870;
- O Tronco do Ipê, romance, 1871;
- Sonhos d’Ouro, romance, 1872;
- Til, romance, 1872;
- Alfarrábios, romance, 1873;
- A Guerra dos Mascate, romance, 1873-1874;
- Ao Correr da Pena, crônica, 1874;
- Senhora, romance, 1875;
- O Sertanejo, romance, 1875.
“Senhora” é um daqueles livros que merecem estar na estante de todos. Você já leu? Gostou do artigo? Compartilhe suas impressões com a gente. Deixe um comentário. E se quiser outra sugestão, deixo o clássico O Morro dos Ventos Uivantes. Tem artigo no blog também. Clique aqui para acessar. Até a próxima!
Autora: Cristina Ramos
Referência
https://www.ebiografia.com/jose_alencar/
Crédito de imagens
- Capa: imagem livre, feita no Canva.