É incrível pensar que muitos jovens de hoje nem sabem o que é um selo! Nunca enviaram uma carta pelos Correios! Nem mesmo um cartão-postal! Então, explicando: quando não havia essas modernidades de e-mail, WhatsApp e outras, as formas de comunicação mais comuns eram o telefone e a carta. O selo era a comprovação de que você pagou a taxa para enviar a carta. Esse selo era colado e carimbado na frente do envelope. Ah! Você ainda pode mandar cartas dessa forma, mas confesso que o uso do celular facilitou muito a comunicação.
O que é a Filatelia?
No site dos Correios, a filatelia é entendida assim: Etimologicamente formada das palavras gregas “phílos” (amigo, amador) e “atelês” (franco, livre de qualquer encargo ou imposto), a Filatelia é normalmente definida como o ato de colecionar selos, especialmente aqueles considerados raros.
(https://blog.correios.com.br/filatelia/?page_id=206)
Para mim, os selos, além de verdadeiras obras de arte, são expressão sociocultural de um povo e registro da sua história. Assim, colecionar selos é saber valorizar tudo isso. É reconhecer esses aspectos em selos de outros países, participar de uma comunidade ativa de colecionadores de todo o mundo. É preservar um legado inestimável para as futuras gerações.
Como eu comecei a colecionar selos
O ano era 1983. Eu tinha 12 anos. Ao folhear uma revista em quadrinhos me deparei com uma propaganda dos Correios que tinha, num cantinho, um pequeno trecho para você solicitar mais informações sobre filatelia. Sem muita convicção, recortei aquele pedacinho de papel, coloquei meu endereço e pedi para minha mãe colocar em um envelope e despachar. Ela, incrédula, atendeu ao meu pedido. Após alguns dias, eu e minha família ficamos muito surpresos quando um pacote dos Correios chegou com várias informações sobre coleção de selos. Havia revistas COFI (Correio Filatélico), tabelas, brindes e até carimbos comemorativos. E foi a partir daí que eu comecei a minha coleção.
Hoje, motivado a escrever esse artigo, recordo esses momentos e lamento ter abandonado minha coleção precocemente, em 1988, por causa do início da minha formação profissional. Percebo que a filatelia no Brasil e no mundo pode estar com os dias contados, tendo em vista a evolução tecnológica e a drástica redução da troca de correspondências físicas e selos. Será? Venha descobrir comigo como colecionar selos e o que podemos esperar do futuro desse fantástico hobby.
Como colecionar selos
Eu comecei retirando os selos das cartas que minha família recebia. Colocava na água para amolecer a cola e soltava o selo do envelope. Depois comecei, também, a comprar os selos diretamente nas agências dos Correios. E, de maneira geral, a forma de obter os selos continua sendo essa.
Hoje, você também pode adquirir nas lojas especializadas ou via internet. Os clubes filatélicos ou associações costumam fazer reuniões, oportunidade em que trocam ideias e negociam os selos.
Atualmente não são todas as agências dos Correios que vendem selos para colecionadores. Apenas as agências centrais e as designadas para tal.
Os selos devem ser acondicionados em álbuns ou classificadores específicos para esse fim. O manuseio dos selos deve ser feito com pinças, para evitar que a oleosidade dos dedos estrague as peças.
Mas a filatelia não envolve somente aqueles selos que a gente vê nas cartas. Existem outros produtos que, talvez, você nunca tenha visto. Vamos conhecer alguns deles.
Peças filatélicas
Selos em grupos: além dos selos individuais, eles podem vir em grupos de 2 (dupla), 4 (quadra) ou 6 (sextilha). Quando a arte é contínua nos selos, isto é, formam uma única imagem maior, podemos identificá-lo como um SE-TENANT , “o que não se separa”, em francês.
Blocos Postais: Nesta peça, além do selo ou dos selos, existe uma moldura que os envolve. A arte é contínua no selo e na moldura.
Estampa ou folha, e mini-folha: é uma folha com vários selos, de 20 a 30 (metade no caso da mini-folha), semelhante ao bloco postal. A arte na moldura é relacionada aos selos, não necessariamente contínua.
Carimbos: Filatelistas (neste caso, marcofilistas) também colecionam os carimbos utilizados pelos Correios, sejam datadores, comemorativos ou carimbos especiais do 1º dia de circulação.
Cartões-postais: Cartofilia é como se chama o colecionismo de cartões-postais. Podem ser cartões emitidos pelos Correios ou cartões genéricos, daqueles comprados em banca de revistas. O maior uso desses cartões é para dar notícias aos amigos e familiares quando visitamos outras cidades ou outros países.
A maximafilia é a coleção de um tipo de cartão especial que pode ser montado por nós. Ele é composto pelo próprio cartão (que já possui uma imagem artística), um selo que referência ao mesmo motivo daquela arte, e a aposição do carimbo comemorativo ou de 1º dia de circulação, ou ainda o carimbo de agências que são relacionados com o motivo da arte.
Envelopes de 1º dia de Circulação: por ocasião da emissão de um selo comemorativo, também são lançados envelopes e carimbos que possuem a arte relacionada ao selo. Assim, aos envelopes são aplicados os selos e os carimbos, compondo a peça filatélica.
Tipos de coleção
Você pode montar a sua coleção de diversas formas. Ela pode ser uma coleção só de quadras, só de blocos comemorativos Pode ser somente com artes sobre o natal, ou pássaros, ou fatos históricos. São inúmeros os temas abordados nos selos, tanto no Brasil quanto no mundo. Aqui o que vale é o seu gosto.
Quando se está iniciando na filatelia normalmente se coleciona tudo! Aos poucos, conforme conhecer mais a respeito, você definirá sua preferência.
Dia do Nacional do Selo
No dia 1º de agosto de 1843 foi lançado o primeiro selo brasileiro: O Olho de Boi. E esta foi a data escolhida como dia nacional do selo.
A série Olho-de-Boi, composta por três selos com valores de face de 30, 60 e 90 réis, marcou a criação e o início do sistema de correios no Brasil, segundo do mundo!
A Inglaterra foi o primeiro país do mundo a emitir um selo – o Penny Black – e a ter um sistema de correios unificado.
A filatelia pelo mundo
Alguns países se destacam no cenário internacional da filatelia por conta, principalmente, do calendário de exposições que realizam. Podemos destacar os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, além do Brasil.
A filatelia no Brasil
Apesar de ser cada vez mais relegada ao esquecimento, a filatelia continua viva no Brasil. E os filatelistas brasileiros se destacam também no cenário internacional.
Um dos grandes incentivadores da filatelia no Brasil foi Paulo Comeli. Ele recebeu a maior honraria da filatelia mundial ao assinar o Roll of Distinguished Philatelists (RDP) em 24 de novembro de 2007. Em 2022, foi a vez de Reinaldo Estevão de Macedo assinar o RDP, pela sua atuação nacional e internacional.
Vamos colecionar selos?
Caso você se interesse em colecionar selos, saiba que tomou uma ótima decisão. Você entrará em contato com muita cultura, história e arte. Além disso, você terá o apoio de filatelistas em todo o Brasil e mesmo no mundo. Acesse aqui a lista de clubes e associações filatélicas fornecida pelo site dos Correios e entre em contato.
A Federação Brasileira de Filatelia também mantém um site com diversas informações sobre exposições, lançamentos, palestras e cursos. Vale a pena visitar.
Gostou da matéria? Tem outro assunto que você gostaria que fosse abordado nesta coluna? Deixe seu comentário! Todas as ideias são muito bem vindas. E se você quiser conhecer um outro hobby maravilhoso, recomendo o Aquarismo.
Autor: Alberto Ramos